Turista americano é detido na Índia após tentar contato com povo indígena isolado

Foto: GETTY IMAGES via BBC

Um turista americano foi preso na Índia após desrespeitar uma área de acesso restrito para tentar fazer contato com o povo indígena mais isolado do mundo. Mykhailo Viktorovych Polyakov, de 24 anos, viajou até a Ilha Sentinela do Norte, no Oceano Índico, onde desembarcou, gravou vídeos, deixou objetos na praia e chegou a tocar um apito por cerca de uma hora, tentando chamar a atenção dos sentineleses.

A ação, considerada ilegal pelas leis indianas, foi fortemente criticada por organizações de direitos indígenas. A Survival International classificou o ato como “profundamente perturbador” e afirmou que ele colocou em risco tanto a vida do turista quanto a dos indígenas, que não possuem imunidade a doenças externas.

O caso está sendo investigado pelas autoridades indianas. Segundo H.G.S. Dhaliwal, chefe de polícia das Ilhas Andaman e Nicobar, o jovem compareceu a um tribunal local e foi detido por três dias para novos interrogatórios. Imagens captadas por uma câmera GoPro confirmam sua presença na ilha.

Polyakov teria visitado a região em outras ocasiões, inclusive utilizando um caiaque inflável. Após a prisão, ele disse à polícia que é um “caçador de emoções”, segundo a imprensa indiana.

A Survival International também alertou sobre o crescente número de influenciadores que buscam ganhar seguidores arriscando-se em locais proibidos. “As redes sociais estão alimentando esse tipo de comportamento perigoso”, afirmou Jonathan Mazower, porta-voz da entidade.

A Ilha Sentinela do Norte abriga um grupo estimado em cerca de 200 pessoas, que vive em isolamento voluntário e tem deixado claro, ao longo dos anos, que não deseja contato externo. O último episódio grave aconteceu em 2018, quando o missionário cristão John Allen Chau foi morto pelos sentineleses ao tentar visitá-los de forma ilegal.

A legislação indiana proíbe que qualquer pessoa se aproxime a menos de 5 quilômetros da ilha, uma medida que visa proteger a saúde e o modo de vida dos indígenas. Organizações internacionais pedem que o governo reforce a proteção dessas comunidades diante das ameaças modernas, especialmente a busca por cliques nas redes sociais.