
Foto: Vinícius Cassela/g1
O deputado federal Glauber Braga (PSOL) anunciou que permanecerá durante todo o fim de semana na Câmara dos Deputados, dando continuidade ao protesto contra o processo que pode levar à cassação de seu mandato.
Desde a última quarta-feira (9), o parlamentar está em greve de fome e tem dormido no plenário de uma das comissões da Casa. Até o meio-dia desta sexta (11), ele já acumulava mais de 60 horas sem ingerir alimentos sólidos. Por recomendação médica, Glauber está consumindo água, soro fisiológico e isotônicos, a fim de evitar uma desidratação completa.
O protesto ocorre em resposta ao processo aberto no Conselho de Ética da Câmara, que aprovou parecer pela cassação do mandato do deputado. A medida foi motivada por um episódio ocorrido em abril de 2024, quando Glauber expulsou, com chutes e empurrões, um manifestante do grupo Movimento Brasil Livre (MBL) durante um protesto no Congresso.
Na primeira noite do protesto, Glauber dormiu no chão da sala. No dia seguinte, aceitou utilizar colchão, travesseiro e cobertor, após insistência de sua equipe. O deputado também retornou brevemente à sua residência para tomar banho, antes de voltar ao local do protesto.
Durante a quinta-feira (10), ele recebeu a visita da irmã e do filho de 3 anos, que esteve acompanhado da mãe, a também deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP). Sâmia tem se revezado entre o cuidado com o filho e o acompanhamento ao marido no protesto.
“Agora, o que nos cabe é dar suporte, o apoio necessário, logístico, emocional, médico. E somos muito gratos por toda a solidariedade que está vindo de todos os lados”, declarou Sâmia.
Suporte institucional
A Câmara dos Deputados, por meio de nota oficial, afirmou que continuará prestando assistência ao parlamentar:
“A Câmara dos Deputados fornecerá todo o suporte de segurança e médico ao deputado Glauber Braga, inclusive no final de semana.”
No entanto, apoiadores e colegas de partido reclamam da falta de solidariedade de outras lideranças da Casa e cobram um posicionamento do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos). Segundo eles, o parlamentar paraibano não tem atendido ligações desde quarta-feira.
A decisão final sobre a cassação do mandato será do plenário da Câmara, que ainda não tem data marcada para a votação.
Sâmia critica o parecer do Conselho de Ética e defende que a penalidade é desproporcional:
“O Código de Ética prevê desde censura verbal até a cassação, passando por punições intermediárias como suspensão de prerrogativas. O relator não apresentou nenhuma justificativa técnica ou política para aplicar a pena máxima. Isso é perseguição.”