Foto: Reprodução/ Wikipédia/ Karelj
Após a morte do Papa Francisco nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, o Vaticano deu início aos ritos solenes previstos na “Ordem das Exéquias do Sumo Pontífice”, documento atualizado pelo próprio Francisco em abril de 2024 e publicado oficialmente em novembro do mesmo ano.
O corpo do papa será sepultado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, um local de forte devoção mariana e especial significado pessoal para o pontífice. Francisco será o primeiro papa em mais de 350 anos a ser enterrado fora da Basílica de São Pedro — o último havia sido Clemente IX, em 1669.
A escolha reflete o carinho e a espiritualidade que Bergoglio nutria pela imagem da Salus Populi Romani — Protetora do Povo de Roma. Era diante desse ícone que ele rezava antes e depois de cada viagem internacional, e também durante momentos marcantes, como a histórica bênção “urbi et orbi” em plena pandemia, em março de 2020, na Praça de São Pedro vazia.
Com mais de 16 séculos de história, Santa Maria Maior está situada no Monte Esquilino e tem sua origem ligada a um milagre: no verão de 358, uma nevasca inesperada indicou o local onde a Virgem Maria desejava a construção de um templo, segundo visões do Papa Libério e do patrício romano João.
O funeral seguirá os ritos tradicionais da Sé Vacante. A confirmação da morte será feita pelo camerlengo da Igreja, Cardeal Kevin Farrell, que chamará o pontífice três vezes pelo nome. Com a ausência de resposta, o óbito é oficialmente declarado. Em seguida, o anel do pescador — símbolo do papado — será destruído, simbolizando o fim do pontificado.
Ao contrário de papas anteriores, Francisco optou por um funeral mais simples. O corpo será colocado em um único caixão de madeira com revestimento interno de zinco, descartando o uso das três urnas tradicionais (cipreste, chumbo e carvalho). O velório será realizado diretamente na Basílica de São Pedro, sem a passagem pelo Palácio Apostólico, como determinava o antigo protocolo.
O sepultamento deverá ocorrer entre quatro e seis dias após a morte. Durante nove dias consecutivos, missas de sufrágio — os “novendiales” — serão celebradas em Roma, como parte do luto oficial da Igreja Católica.
Ao escolher o descanso eterno na Basílica de Santa Maria Maior, Francisco deixa mais do que um testamento espiritual. Deixa um sinal claro de humildade e devoção, encerrando seu legado marcado por simplicidade, compaixão e um olhar especial pelos mais pobres.