
Foto: Reprodução/ Wikipedia/ Diliff
Com a morte do Papa Francisco nesta segunda-feira (21), a Igreja Católica entra em um dos períodos mais decisivos de sua história recente. O falecimento do primeiro papa latino-americano do Vaticano, aos 88 anos, abre oficialmente o período de Sé Vacante — quando o trono papal fica vago — e inicia os preparativos para o Conclave, a eleição do novo líder máximo da Igreja.
Até a escolha do novo pontífice, o Colégio dos Cardeais, composto por altos membros da hierarquia eclesiástica, assume o comando interino do Vaticano. Cabe a esse grupo, formado por 135 cardeais com menos de 80 anos e, portanto, aptos a votar, decidir quem será o novo ocupante da Cátedra de São Pedro. Sete desses eleitores são brasileiros.
A expectativa é que o Conclave seja convocado entre 15 e 20 dias após a morte do papa, conforme tradição canônica. Até lá, especulações já apontam nomes favoritos ao cargo mais alto da Igreja, representando diferentes continentes, correntes ideológicas e trajetórias eclesiásticas. A seguir, conheça os principais cotados.
🔵Jean-Marc Aveline
Francês, 66 anos, arcebispo de Marselha

Foto: Vaticano/Divulgação
Jean-Marc Aveline é uma das figuras emergentes do episcopado francês. Tornou-se arcebispo de Marselha em 2019 e foi criado cardeal em 2022 pelo Papa Francisco, sendo o primeiro bispo da cidade a receber o barrete cardinalício em mais de um século. Nascido na Argélia, é conhecido por seu forte engajamento no diálogo inter-religioso, especialmente com o Islã, o que o torna uma figura relevante em tempos de tensão religiosa na Europa. Aveline é teólogo, com sólida formação acadêmica, e tem sido uma voz ativa na promoção da paz e integração social na região do Mediterrâneo.
🔵Peter Erdő
Húngaro, 72 anos, arcebispo de Esztergom-Budapeste

Foto: Vatican News/Divulgação
O cardeal Peter Erdő é uma das personalidades mais respeitadas da Igreja na Europa Central. É doutor em teologia e direito canônico, e foi presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa. Ele já foi considerado um “papabile” no conclave de 2013, sendo visto como alguém de perfil conservador, mas com sólida reputação como administrador. Sua liderança em um país de forte tradição católica, mas com tensões políticas e culturais com o Vaticano, pode representar uma ponte entre visões distintas da Igreja.
🔵Mario Grech
Maltês, 68 anos, secretário-geral do Sínodo dos Bispos

Foto: Arquidiocese de Braga/Divulgação
Mario Grech é uma figura chave do atual pontificado por seu papel na condução do processo sinodal iniciado pelo Papa Francisco. Ex-bispo de Gozo (Malta), ele defende uma Igreja mais escutadora e descentralizada, sendo uma das vozes que promovem maior participação dos leigos. Como secretário-geral do Sínodo dos Bispos, está no centro dos debates mais atuais sobre o futuro da Igreja, incluindo temas como acolhimento, estrutura e missão. É considerado de linha moderada-progressista.
🔵Juan José Omella
Espanhol, 79 anos, arcebispo de Barcelona

Foto: Vatican News/Divulgação
Apesar da idade próxima ao limite para votar num eventual conclave, Omella ainda é um nome considerado. Ele foi criado cardeal por Francisco em 2017 e é conhecido por seu forte envolvimento social, especialmente com os mais pobres e migrantes. Ex-presidente da Conferência Episcopal Espanhola, Omella possui perfil pastoral e é próximo das orientações do atual pontificado. É conhecido por sua simplicidade, espírito missionário e habilidade conciliadora em contextos de polarização.
🔵Pietro Parolin
Italiano, 70 anos, secretário de Estado do Vaticano

Foto: Vatican News/Divulgação
Considerado um dos nomes mais fortes entre os “papáveis”, o cardeal Pietro Parolin atua como “primeiro-ministro” do Vaticano desde 2013. Diplomata experiente, já representou a Santa Sé em países como Venezuela e Nigéria. É tido como homem de equilíbrio entre tradição e inovação, com perfil pragmático. Parolin domina várias línguas e é reconhecido por sua habilidade em negociações internacionais. Apesar de discreto, sua influência nos bastidores da Cúria é notável.
🔵Luis Antonio Gokim Tagle
Filipino, 67 anos, pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização

Foto: Vatican News/Divulgação
Considerado o principal representante da Ásia na Igreja Católica, o cardeal Tagle tem carisma, forte apelo entre os jovens e estilo comunicativo próximo ao povo. Ex-arcebispo de Manila, foi chamado por Francisco para atuar no Vaticano, onde hoje coordena uma das áreas mais importantes da Cúria Romana. É conhecido por seu sorriso cativante, simplicidade e pregação emocional. Por ser asiático, sua eleição representaria uma guinada histórica, ampliando a presença da Igreja nos continentes em crescimento.
🔵Joseph Tobin
Americano, 72 anos, arcebispo de Newark (Nova Jersey)

Foto: Vaticano/Divulgação
O cardeal Tobin é uma das vozes mais progressistas entre os bispos norte-americanos. Foi nomeado cardeal por Francisco em 2016, e é conhecido por seu apoio a políticas de acolhimento a migrantes e refugiados, além de defender maior inclusão na Igreja. É visto como alguém pastoral, próximo das comunidades e atento aos desafios sociais contemporâneos. Sua eleição representaria uma ruptura com setores mais conservadores da Igreja dos Estados Unidos, marcando uma escolha alinhada com a visão de Francisco.
🔵Peter Kodwo Appiah Turkson
Ganês, 76 anos, funcionário do Vaticano

Foto: Vatican News/Divulgação
O cardeal Turkson é um dos nomes africanos mais reconhecidos no Vaticano. Foi presidente do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, onde liderou debates sobre justiça social, meio ambiente e economia solidária. É uma figura respeitada por sua inteligência, articulação e fé profunda. Já foi cogitado como possível papa em 2013, sendo símbolo de uma Igreja mais global e inclusiva. Seu perfil combina tradição doutrinal com sensibilidade social.
🔵Matteo Maria Zuppi
Italiano, 69 anos, arcebispo de Bolonha

Foto: Vatican News/Divulgação
Zuppi é uma das figuras mais populares da Igreja italiana atualmente. Muito próximo da Comunidade de Sant’Egídio, é conhecido pelo seu envolvimento em missões de paz, diálogo inter-religioso e atenção aos pobres. Seu estilo pastoral, com forte senso de empatia e escuta, tem ganhado destaque. Nomeado presidente da Conferência Episcopal Italiana por Francisco, é visto como alguém que pode continuar a linha sinodal do atual pontificado com um perfil mais comunicativo e próximo das bases.
Um novo rumo para a Igreja?
A morte do Papa Francisco abre um capítulo delicado e decisivo na história da Igreja Católica. O perfil do sucessor poderá definir os rumos da instituição: manter o espírito reformista de Francisco ou dar espaço a uma retomada conservadora?
Enquanto o mundo aguarda o início do Conclave, especulações se intensificam e as atenções se voltam ao teto da Capela Sistina, onde a fumaça branca voltará a sinalizar o nascimento de um novo papado — e de uma nova era para os mais de 1,3 bilhão de católicos espalhados pelo planeta.