Lançado em 2024 e vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, o filme “Conclave” foi o mais assistido nas últimas horas, após o falecimento do Papa Francisco, nesta segunda-feira (21). Dirigido por Edward Berger e baseado no romance de Robert Harris, a trama explora os bastidores da eleição papal, combinando com habilidade rituais autênticos da Igreja e elementos de ficção dramática — mas até onde vai a realidade?
O filme acerta ao retratar o conclave com fidelidade: os cardeais votam em cédulas na Capela Sistina, em completo isolamento, e o resultado é indicado pela famosa fumaça preta ou branca.
Esses detalhes reforçam o realismo da obra. No entanto, como todo bom thriller, o filme também toma liberdades criativas: inclui reviravoltas dramáticas, revelações pessoais e até ameaças entre cardeais — situações fictícias que intensificam o drama, mas não condizem com o processo real.
VEJA OS PONTOS REAIS E FICÇÃO DO FILME:
✅ O que é real no filme “Conclave”:
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Capela Sistina como cenário da eleição:
A escolha do novo papa ocorre realmente na Capela Sistina, com presença exclusiva dos cardeais eleitores. -
Isolamento total dos cardeais:
Durante o conclave, os cardeais ficam completamente isolados do mundo externo, sem acesso a celulares, televisão ou internet. -
Sistema de votação tradicional:
A votação é feita por meio de cédulas de papel. Após cada rodada, as cédulas são queimadas, e a fumaça preta (sem consenso) ou branca (papa eleito) sobe da chaminé. -
Uso do latim e do italiano:
Todos os rituais são conduzidos em italiano ou latim, conforme a tradição litúrgica da Igreja. -
Tensões políticas internas:
Existe, na realidade, disputa entre alas conservadoras e progressistas da Igreja, o que pode influenciar na eleição do novo pontífice. -
Clima de sigilo e solenidade:
O silêncio, os olhares contidos e a sensação de que algo grandioso está prestes a acontecer são parte real do ambiente do conclave.
❌ O que é ficção no filme:
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A presença de um cardeal secreto (in pectore):
No filme, um cardeal nomeado secretamente pelo papa morto aparece para votar.
➤ Na realidade, apenas cardeais cujo nome foi publicado oficialmente antes da morte do pontífice podem participar do conclave. -
Reviravoltas e revelações dramáticas:
A narrativa inclui ameaças, segredos do passado e disputas quase conspiratórias entre os cardeais.
➤ Esses elementos são puramente ficcionais e servem para criar tensão dramática no roteiro. -
Estilo de thriller político:
O filme adota um tom de suspense e investigação, o que não condiz com o caráter espiritual e tradicional do processo real de eleição papal.
Mesmo com seus exageros narrativos, Conclave cumpre o papel de entreter e, ao mesmo tempo, despertar curiosidade sobre um dos eventos mais enigmáticos e sagrados da tradição católica.