
Foto: Reprodução/ internet
A possível adoção de uma camisa vermelha como uniforme número 2 da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 2026 gerou grande polêmica entre torcedores, políticos e personalidades do esporte. A notícia começou a circular após imagens de um suposto modelo vazarem na internet, sugerindo que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) teria aprovado a mudança. O design incluiria a predominância da cor vermelha com detalhes em preto e o escudo centralizado no peito. Além disso, o uniforme teria o logotipo da Air Jordan, marca ligada ao ex-jogador de basquete Michael Jordan.
O boato rapidamente se espalhou nas redes sociais e ganhou repercussão nacional. Segundo análise divulgada pela empresa Quaest, entre os dias 28 e 29 de abril foram mais de 24 milhões de menções ao tema nas principais plataformas digitais. Destas, 90% foram de tom negativo, refletindo a rejeição da maioria dos brasileiros à possível mudança nas cores tradicionais da Seleção – o amarelo, azul, verde e branco, que representam a bandeira nacional.
A controvérsia não ficou apenas no campo esportivo. A cor vermelha do suposto novo uniforme foi interpretada por alguns setores políticos como uma provocação simbólica, especialmente em um país onde a camisa amarela tem sido associada a manifestações da direita e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Parlamentares como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Arthur Maia (União-BA) criticaram duramente a proposta, alegando que a identidade nacional está ligada às cores tradicionais. Curiosamente, o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), de orientação oposta, também se posicionou contra a mudança.
Nike foi muito esperta.
Vai lançar a camisa vermelha da Seleção em 2026, ano de eleição.
Cada lado vai comprar o seu, e a Nike vai estourar de vender. Jogada de mestre. pic.twitter.com/6sJUrUmCnD
— Sérgio Douglas (@sergiodouglasd) April 28, 2025
Historiadores do futebol lembram, no entanto, que o Brasil já vestiu vermelho em duas ocasiões: a primeira em 1917, em partidas contra Uruguai e Chile durante o Campeonato Sul-Americano, e a segunda em 1936, contra o Peru, quando a Seleção precisou usar camisas emprestadas do clube argentino Independiente, por ambos os times utilizarem branco como cor principal.
A repercussão foi tanta que até o narrador Galvão Bueno se manifestou. Em publicação nas redes sociais, ele criticou tanto a CBF quanto a fornecedora do uniforme, afirmando que a camisa da Seleção pertence ao povo brasileiro e que a tradição deve ser preservada.
Ver esta publicação no Instagram
Diante da repercussão, a CBF emitiu uma nota oficial negando a veracidade das imagens que circulam na internet e afirmando que nem ela nem a Nike divulgaram oficialmente os detalhes da nova linha de uniformes. Em atualização posterior da nota, a confederação reforçou que os padrões nas cores “amarelo tradicional e azul serão mantidos”, conforme previsto em seu estatuto.
Ainda não há definição oficial sobre o visual do novo uniforme alternativo para a Copa do Mundo de 2026, que será sediada nos Estados Unidos, México e Canadá. O lançamento está previsto para março do mesmo ano, mas, até lá, a CBF promete seguir em diálogo com a fornecedora Nike para preservar a identidade histórica da Seleção Brasileira.
Confira a nota da CBF
“A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) esclarece que as imagens divulgadas recentemente de supostos uniformes da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 2026 não são oficiais.
Nem a CBF e nem a Nike divulgaram formalmente detalhes sobre a nova linha da Seleção.
A entidade reafirma o compromisso com seu estatuto (os padrões nas cores amarelo tradicional e azul serão mantidos) e informa que a nova coleção de uniformes para o Mundial ainda será definida em conjunto com a Nike.”