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Carlos Lupi pede demissão do Ministério da Previdência após escândalo de descontos indevidos no INSS

Substituto será o secretário-executivo Wolney Queiroz; escândalo já motivou CPI na Câmara e investigação da PF

Por Seridoense há 3 semanas

Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, pediu demissão do cargo nesta sexta-feira (2), após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A saída ocorre em meio ao escândalo dos descontos indevidos realizados em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que já resultou na abertura de investigações da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU), além da articulação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso.

O próprio Lupi anunciou seu desligamento pelas redes sociais. “Tomo esta decisão com a certeza de que meu nome não foi citado em nenhum momento nas investigações em curso”, declarou. Para o seu lugar, Lula nomeará o atual secretário-executivo da pasta, Wolney Queiroz, também filiado ao PDT, partido de Lupi. A exoneração e a nomeação serão publicadas ainda nesta sexta no Diário Oficial da União.

A permanência de Lupi era vista como insustentável pelo Palácio do Planalto, principalmente após a demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, não ter aliviado a pressão sobre o governo. A situação se agravou com a escolha do procurador Gilberto Waller para comandar o INSS — nomeação feita diretamente por Lula, sem consultar o ministro.

Segundo investigações da PF, entre 2019 e 2024, foram feitos R$ 6,3 bilhões em descontos indevidos de benefícios previdenciários. Caso o período considerado se estenda até 2016, esse número sobe para quase R$ 8 bilhões. As fraudes envolvem acordos de cooperação firmados entre o INSS e associações ou sindicatos, que permitiam descontos mensais, muitas vezes sem o consentimento dos beneficiários.

Embora a investigação não aponte envolvimento direto de Lupi, ele tem sido acusado de omissão diante de alertas feitos desde 2023 por órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU), a CGU, o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), auditores internos do INSS e pela imprensa.

Lupi nega omissão e afirma que solicitou auditoria interna assim que tomou conhecimento das denúncias. “Pedi, à época, que o INSS começasse a apurar as denúncias apresentadas. Levou-se tempo demais”, declarou durante reunião do CNPS na última segunda-feira (28).

Em resposta ao escândalo, o governo suspendeu todos os convênios com as entidades investigadas e garantiu que os valores descontados de forma indevida serão devolvidos aos aposentados e pensionistas.

A crise resultou em mais uma mudança no primeiro escalão do governo Lula. Com a saída de Lupi, esta é a 11ª troca ministerial no atual mandato e a terceira motivada por escândalos. Antes dele, Sílvio Almeida (Direitos Humanos) deixou o cargo após acusações de assédio sexual e Juscelino Filho (Comunicações) foi afastado por denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção.


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