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Seca ameaça agricultura em Mossoró: quebra de safra já ultrapassa 80% e preocupa agricultores

Volume de chuvas caiu drasticamente após março; irregularidade e veranicos prolongados comprometem lavouras, forragem, mel e castanha

Por Seridoense há 2 semanas

Foto: Wilson Moreno/ SECOM/PMM/Arquivo

Mossoró enfrenta uma das mais severas quebras de safra dos últimos anos, com perdas que já ultrapassam 80% em algumas áreas da zona rural. O alerta foi feito por Alciomar Lopes, professor de ciências naturais e responsável pelo setor de meteorologia da Secretaria Municipal de Agricultura e Desenvolvimento Rural (Seadru). Segundo ele, a situação tende a se agravar se não houver chuvas significativas até 15 de maio.

Apesar de um início de ano promissor — com 542,5 milímetros de chuva acumulados no primeiro trimestre, 57,9% acima da média histórica — o cenário mudou drasticamente a partir de abril. O mês registrou apenas 82,8 mm de chuva, frente aos 182,8 mm esperados, uma redução de 100 mm. Segundo Alciomar, o fenômeno está relacionado a um bloqueio atmosférico causado pelo aquecimento anormal do Atlântico Norte, que afastou a zona de convergência intertropical da região Nordeste.

“Já é a quarta vez no período chuvoso que Mossoró passa por veranicos. Estamos há mais de doze dias sem chuvas efetivas. Isso compromete a lavoura, principalmente de quem plantou no segundo trimestre. Essas plantações estão praticamente perdidas”, explicou o meteorologista em entrevista à rádio 95 FM.

Enquanto as lavouras plantadas em janeiro ainda colhem milho verde e feijão, beneficiadas pelas chuvas intensas do primeiro trimestre, quem plantou a partir de março enfrenta solo seco e prejuízos. Além disso, as precipitações de abril foram esparsas e de baixa intensidade, insuficientes para sustentar a produção agrícola.

A quebra de safra não afeta apenas os agricultores que vivem do cultivo direto. A produção de mel e castanha também deve sofrer impactos significativos com a irregularidade das chuvas. Em 2024, o excesso de precipitações já havia dificultado o preparo do solo, impedindo o corte de terra por conta do solo argiloso.

Para enfrentar a situação, a Seadru iniciou o cadastro dos produtores no programa do seguro-safra e está enviando relatórios ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, com dados que comprovam a má distribuição das chuvas e os veranicos. O objetivo é propor a revisão dos critérios de análise do benefício, que atualmente se baseiam apenas no volume total de precipitações.

Um dos esforços mais recentes da secretaria tem sido a instalação de pluviômetros em 25 escolas da zona rural. Os equipamentos auxiliam no monitoramento das condições climáticas locais, orientam ações como corte de terra e manutenção de estradas e ainda servem como ferramenta educativa nas aulas de ciências naturais.

A previsão é de que o período chuvoso se estenda até 30 de junho, mas a reversão do cenário atual dependeria de mudanças significativas nas condições oceânicas. “A temperatura do Atlântico Norte teria que baixar pelo menos um grau e meio para voltarmos a ter chuvas regulares”, concluiu Alciomar Lopes.


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