
Foto: Aleksander Saks/Unsplash
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou, na última quarta-feira (23), os resultados de uma ampla análise sobre suplementos alimentares de creatina comercializados no Brasil. A pesquisa avaliou 41 produtos de 29 empresas, com foco no teor declarado da substância, rotulagem e integridade do conteúdo. O levantamento mostra avanços na qualidade dos suplementos, mas revela falhas generalizadas nas embalagens.
Os testes foram realizados pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), ligado à Fiocruz, com coletas feitas em estados com maior concentração de mercado, como São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Espírito Santo. As amostras utilizadas foram todas da versão de 300 gramas, considerada a mais comum no varejo nacional.
Qualidade do produto estável
Um dos principais destaques da análise foi a constatação de que 40 dos 41 produtos apresentaram conformidade quanto ao teor de creatina — que deve variar, no máximo, 20% em relação ao valor informado no rótulo e alcançar o mínimo de 3.000 mg.
Segundo a Anvisa, isso representa um avanço em comparação a fiscalizações anteriores e pode indicar um esforço de autorregulação por parte da indústria nos últimos dois anos.
A agência também confirmou que nenhuma amostra continha matérias estranhas, o que reforça a segurança sanitária dos suplementos quanto à pureza do conteúdo.
Rotulagem ainda preocupa
Apesar da evolução na composição dos produtos, a rotulagem continua sendo um desafio: 40 das 41 marcas analisadas apresentaram irregularidades. Os problemas mais comuns envolvem:
-
Alegações não autorizadas, inclusive em outros idiomas;
-
Uso de imagens que podem induzir o consumidor ao erro;
-
Falta de informações obrigatórias, como porções por embalagem, frequência de consumo e quantidade de açúcares.
De acordo com a Anvisa, embora essas falhas não representem risco direto à saúde, elas prejudicam a transparência com o consumidor e serão cobradas das empresas, que serão notificadas para realizar os ajustes necessários.
Prazo para regularização
Com a vigência da nova regulamentação — Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 843/2024 e Instrução Normativa (IN) nº 281/2024 —, todos os suplementos comercializados no Brasil deverão estar devidamente notificados na Anvisa até 1º de setembro de 2025.
A única amostra que apresentou teor de creatina abaixo do permitido está sendo investigada administrativamente. Por isso, o nome da marca não foi revelado pela Anvisa.
Por outro lado, um produto recebeu destaque positivo: a Creatine Monohydrate – 100% Pure, da marca Atlhetica Nutrition, fabricada pela ADS Laboratório Nutricional Ltda. Foi o único suplemento a cumprir integralmente todas as exigências tanto na composição quanto na rotulagem.