
Foto: Reprodução/ Tv Globo
Após mais de 50 dias de espera, três tentativas frustradas e uma intensa mobilização, o cão de suporte Teddy, que auxilia Alice, uma menina autista de 12 anos, embarcou com sucesso rumo a Lisboa na tarde desta sexta-feira (30). A viagem teve início no Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, no Rio de Janeiro, com o animal acompanhado por seu treinador, Ricardo Cazarotte, e pela irmã de Alice, Hayanne Porto.
A família, que está em Portugal desde abril devido a uma oportunidade profissional do pai da menina, o médico Renato Sá, viveu dias de forte estresse emocional por conta da separação prolongada entre Alice e o animal, fundamental para seu bem-estar e regulação emocional.
“Estamos a caminho de Lisboa, para levar o Teddy para a Alice. Agradeço de coração toda a ajuda que tivemos. Não podemos deixar um direito ser violado”, disse Hayanne, antes do embarque.
Um elo vital para Alice
Teddy foi treinado por um ano e meio para atuar como cão de suporte emocional, ajudando Alice em momentos de crise. Segundo a família, a ausência prolongada já vinha provocando episódios de desregulação emocional na menina, que tem procurado o cão pela casa diariamente.
O treinador Ricardo Cazarotte, que acompanhou o embarque, destacou a importância do vínculo:
“Quando tiramos o autista da rotina, desencadeamos crises de ansiedade e agressividade. Meu papel é fazer esse reencontro acontecer. Ela precisa dele — e ele precisa dela.”
Ricardo foi responsável pelo canil da Polícia Militar de São Paulo e hoje é especialista em treinamento de cães de assistência.
Impasses com a companhia aérea TAP
A saga teve início no dia 8 de abril, quando a família tentou embarcar Teddy pela primeira vez. Embora a companhia aérea TAP inicialmente tenha aprovado a documentação, a passagem do cão foi cancelada 24 horas antes do voo, sob a alegação de que os documentos não seriam aceitos em Portugal.
Outras duas tentativas falharam no dia 24 de maio, apesar da apresentação de uma ordem judicial. A TAP alegou, desta vez, que Teddy não poderia viajar na cabine por não estar acompanhado pela pessoa assistida, o que contrariaria seu manual de operações.
A situação gerou revolta na família e forte repercussão pública. Em uma das ocasiões, mesmo com o embarque já autorizado judicialmente, a empresa conseguiu uma liminar de última hora para voar sem o cão e sua acompanhante. Além disso, o Certificado Veterinário Internacional (CVI) de Teddy perdeu a validade durante o processo, exigindo nova emissão emergencial.
Apoio do governo federal
Diante dos entraves e da pressão popular, o Ministério de Portos e Aeroportos interveio diretamente no caso. O ministro Silvio Costa Filho conversou com o pai da menina e buscou uma solução com a companhia aérea, possibilitando finalmente a viagem de Teddy ao lado de seu treinador.
Agora, a expectativa da família é que a chegada do cão ajude Alice a recuperar sua estabilidade emocional.
“Ela passou a semana inteira procurando por ele. Agora vamos concluir esse ciclo”, disse Hayanne.