
Foto: Reprodução/ Apple
Na quinta-feira (3), a Apple enfrentou uma queda abrupta em seu valor de mercado, perdendo cerca de US$ 250 bilhões, o que deixou o valor total da empresa em US$ 3,12 trilhões. A queda foi desencadeada pela imposição de um novo aumento nas tarifas sobre produtos chineses pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O “Tarifaço” e Suas Implicações para a Apple
Trump anunciou uma taxa de 34% para a importação de produtos da China, uma medida que afetará fortemente empresas que dependem da produção no país asiático, como é o caso da Apple. Até então, as tarifas variavam entre 20% e 34%, mas com o novo aumento, a gigante da tecnologia verá seus custos de produção dispararem.
A Apple, que fabrica cerca de 90% de seus iPhones na China, terá que lidar com um aumento de custos anuais de aproximadamente US$ 8,5 bilhões, segundo estimativas da Morgan Stanley. Esse impacto financeiro pode forçar a empresa a tomar uma decisão difícil: absorver os custos, o que afetaria sua margem de lucro, ou repassá-los aos consumidores, o que poderia resultar em aumentos substanciais nos preços de seus produtos.
Preço do iPhone Pode Subir para US$ 2.300
Se a Apple optar por repassar os custos adicionais para os consumidores, os preços dos iPhones podem aumentar drasticamente. Projeções indicam que o iPhone 16 Pro Max, que atualmente custa cerca de US$ 1.599, pode atingir o valor de US$ 2.300, um aumento de 43%. Essa elevação poderia impactar negativamente as vendas, especialmente considerando que o iPhone, o iPad e o Apple Watch representam a maior parte do faturamento anual da empresa, estimado em US$ 400 bilhões.
Impacto para Outras Empresas e Setor de Tecnologia
As novas tarifas não afetam apenas a Apple. Outras grandes empresas de tecnologia também sofreram com a medida. As ações da Microsoft caíram 2,1%, enquanto as ações da Alphabet (Google) perderam 3,2%. Fabricantes de computadores, como Dell e HP, viram quedas mais significativas, com perdas de 15% e 12%, respectivamente.
Além disso, analistas apontam que essa medida pode beneficiar concorrentes da Apple, como a Samsung. A fabricante sul-coreana, que produz seus dispositivos na Coreia do Sul, será afetada por uma tarifa de apenas 25%, bem abaixo da taxa que impacta a Apple.
A Estratégia de Produção da Apple
No passado, a Apple já havia se movido para minimizar os impactos da guerra comercial entre os EUA e a China, transferindo parte de sua produção para outros países, como o Vietnã e a Índia. No entanto, essas alternativas também serão impactadas pelo aumento das tarifas, com taxas de 46% e 26%, respectivamente.
A empresa de Cupertino também anunciou recentemente um compromisso de investir mais de US$ 500 bilhões e criar 20 mil empregos nos Estados Unidos. A decisão de Trump de incentivar a produção nacional pode ser um reflexo desse movimento, mas a imposição de tarifas mais altas tem gerado um cenário mais complexo para a gigante da tecnologia.
Relação Entre Trump e as Big Techs
Vale destacar que Tim Cook, CEO da Apple, esteve presente na posse de Donald Trump em janeiro, ao lado de outros executivos de grandes empresas de tecnologia, como Sundar Pichai (Google), Mark Zuckerberg (Meta), Jeff Bezos (Amazon), Elon Musk (Tesla e SpaceX), Shou Zi Chew (TikTok) e Sam Altman (OpenAI). A presença desses líderes empresariais foi vista como uma tentativa de se aproximar do governo Trump, especialmente após o envio de doações para o fundo de posse do presidente.
Apesar do apoio público de Tim Cook a Trump, a decisão de aumentar as tarifas coloca a Apple em uma posição delicada, já que a empresa precisará tomar medidas para proteger suas margens de lucro em um cenário econômico cada vez mais desafiador.