
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
O Brasil registrou, em 2023, o maior número de casamentos civis entre mulheres desde o início da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2013. Ao todo, foram 7 mil uniões, número que representa um aumento de 5,9% em relação ao ano anterior, quando foram contabilizados 6,6 mil casamentos desse tipo — até então o maior patamar registrado.
Com isso, o país também alcançou um novo recorde de casamentos entre pessoas do mesmo sexo: foram 11,2 mil celebrações em 2023, crescimento de 1,6% frente a 2022. Desse total, 62,7% das uniões foram entre mulheres.
Por outro lado, os casamentos entre homens apresentaram queda: 4.175 registros, número 4,9% inferior ao registrado em 2022. Os dados integram o levantamento “Estatísticas de Registro Civil”, divulgado nesta sexta-feira (16) pelo IBGE, com base em informações de quase 20 mil cartórios e varas judiciais em todo o país.
Desde 2013, quando o CNJ editou a Resolução 175 — obrigando cartórios a converter uniões estáveis homoafetivas em casamentos —, o número de uniões entre pessoas do mesmo sexo quase triplicou. Naquele ano, o Brasil teve 3,7 mil registros.
Casamentos em geral apresentam queda
Considerando os casamentos entre pessoas de sexos diferentes, foram 929,6 mil registros em 2023. Somando os dois tipos de união, o país registrou 940,8 mil casamentos no ano passado, o que representa uma queda de 3% em comparação com 2022. O número também consolida uma tendência de retração nas uniões civis, observada desde 2015, quando houve 1,137 milhão de casamentos no país.
A taxa de nupcialidade — proporção de casamentos por mil pessoas com 15 anos ou mais — foi de 5,6 em 2023, número bem inferior ao registrado em 1980, que era de 12,2.
Segundo a gerente da pesquisa, Klivia Brayner de Oliveira, o recuo pode estar ligado a mudanças sociais e culturais: “Hoje, o casamento não é mais uma exigência das famílias ou da sociedade. As pessoas têm mais liberdade para decidir se querem ou não oficializar a união”, afirmou.
Casamentos mais tardios
A pesquisa também revela que os brasileiros estão se casando mais tarde. Em 2023, a idade média dos cônjuges solteiros que se casaram com pessoas de sexo diferente foi de 31,5 anos para os homens e 29,2 para as mulheres. Já nos casamentos homoafetivos, a média foi de 34,7 anos entre os homens e 32,7 entre as mulheres.
Outro dado interessante mostra que aumentou a proporção de pessoas com mais de 40 anos nos registros: entre os homens, saltou de 13% (em 2003) para 31,3% (em 2023), e entre as mulheres, de 8,2% para 25,1%.
Divórcios também aumentam
O número de divórcios no Brasil chegou a 440,8 mil em 2023, aumento de 4,9% em relação a 2022. Do total, 81% foram judiciais e 18,2% extrajudiciais. A taxa geral de divórcios (por mil pessoas com 20 anos ou mais) permaneceu em 2,8 — o mesmo índice de 2022.
Em média, os casamentos duraram 13,8 anos em 2023, tempo inferior aos 15,9 anos registrados em 2010. A idade média no momento do divórcio foi de 44,3 anos para os homens e 41,4 para as mulheres.
Guarda compartilhada em alta
O IBGE também mapeou os arranjos familiares em casos de divórcio. A maior parte (46,3%) envolve filhos menores de idade. A guarda compartilhada tem ganhado espaço: saltou de 7,5% em 2014 para 42,3% em 2023. Nesse mesmo período, a guarda exclusiva da mãe caiu de 85,1% para 45,5%.
Essa mudança está relacionada à Lei 13.058/2014, que passou a priorizar a guarda compartilhada nos casos em que não há consenso entre os pais.