
Foto: Vatican Media/Divulgação
O papa Francisco foi sepultado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma/Itália, neste sábado (26), em uma cerimônia reservada, conforme desejo expresso ainda em vida. O rito de sepultamento teve início às 13h (horário local) — 9h em Brasília — e foi concluído cerca de 30 minutos depois, sob a presidência do cardeal camerlengo Kevin Farrell.
O Vaticano informou que o sepultamento contou apenas com a presença de sacerdotes e familiares, sem transmissão pública. Após a celebração da Missa de Exéquias, conduzida na Basílica de São Pedro pelo cardeal italiano Giovanni Battista Re, o caixão com os restos mortais de Francisco foi levado em cortejo pelas ruas de Roma, passando por pontos emblemáticos como o Coliseu, o Fórum Romano e a Igreja Il Gesù, sede da ordem jesuíta da qual Francisco fazia parte.

Foto: Vatican Media/Divulgação
Durante o trajeto, o caixão foi transportado no papamóvel, sendo recebido com emoção pela população. Na chegada à Santa Maria Maior, os carregadores fizeram uma breve pausa diante do ícone de Maria Salus Populi Romani — imagem à qual o pontífice era profundamente devoto. Crianças levaram flores brancas ao altar, em um gesto de pureza e homenagem.
Francisco faleceu na última segunda-feira (21), aos 88 anos, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca. Seu sepultamento marca também o início do Novendiali, o tradicional novenário de orações em homenagem a um pontífice falecido.
A Missa das Exéquias foi acompanhada por cerca de 50 chefes de Estado e autoridades de todo o mundo. Entre os presentes estavam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente norte-americano Donald Trump, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, o presidente francês Emmanuel Macron e o presidente argentino Javier Milei.
A cerimônia também contou com a presença da realeza europeia, incluindo o rei Felipe VI e a rainha Letizia, da Espanha; o rei Philippe e a rainha Mathilde, da Bélgica; e o rei Carl XVI Gustaf e a rainha Silvia, da Suécia. O príncipe William, representando o rei Charles III, liderou a delegação do Reino Unido, acompanhado do primeiro-ministro Keir Starmer.
Além disso, a Rússia enviou uma representante oficial, a ministra da Cultura Olga Liubimova, “por decisão do presidente Vladimir Putin”, segundo comunicado do governo russo.
A lista de presentes incluiu ainda outros líderes políticos, religiosos e representantes de organizações internacionais, demonstrando a importância global de Francisco e o respeito que conquistou durante seu pontificado.

Foto: Claudia Greco/Reuters
A Basílica de Santa Maria Maior, uma das mais antigas igrejas de Roma, construída no século V, já recebeu o sepultamento de sete papas e personalidades como o arquiteto Bernini. Francisco escolheu ser sepultado nesse local, rompendo a tradição de enterros na cripta da Basílica de São Pedro, vigente há mais de três séculos. Ele se torna o primeiro papa, desde Leão XIII em 1903, a ser enterrado fora dos muros do Vaticano.
O túmulo de Francisco, como ele próprio escolheu, é simples: traz apenas a inscrição “Franciscus” e uma cruz central, sem adornos. A lápide foi feita com uma pedra da Ligúria, na Itália, onde nasceu o bisavô do pontífice.
Antes de adotar o nome Francisco, o seu nome de batismo era Jorge Mario Bergoglio, nasceu em Buenos Aires, mas tem raízes em Cogorno, próxima a Gênova. Seu bisavô, Vincenzo Girolamo Sivori, nasceu em Cogorno em 1850 antes de emigrar para a Argentina, onde sua família cresceria e se estabeleceria.
Em 2017, o Papa Francisco conheceu pessoalmente sua prima Angela Sivori, então com 87 anos. O encontro foi marcado pela emoção. “Finalmente conheço os Sivori!”, exclamou Francisco ao encontrar seus parentes italianos.
A cerimônia de sepultamento contou ainda com forte esquema de segurança, envolvendo drones, atiradores de elite e o fechamento temporário do espaço aéreo de Roma.