
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A Páscoa segue sendo uma das datas mais simbólicas do calendário cristão, mas também se consolidou como um momento de forte apelo comercial. Segundo levantamento da empresa de pesquisa Nexus, 52% dos brasileiros afirmaram que pretendem comprar ovos de chocolate neste período, e cada consumidor planeja adquirir, em média, três unidades.
Mas como surgiu essa tradição tão enraizada nas prateleiras dos mercados e nos desejos das crianças? A resposta passa por séculos de história e por uma transformação do simbolismo religioso em produto de consumo.
A doutora em Teologia e professora da PUCPR, Ana Beatriz Dias Pinto, explica que a prática de presentear com ovos já existia em rituais pagãos e tradições cristãs orientais, onde o ovo simbolizava fertilidade e vida. No entanto, o hábito de oferecer ovos de chocolate surgiu por volta de 1850, na França e na Alemanha, como uma forma mais atrativa e saborosa de manter a tradição.
“Antes eram ovos de galinha, pato ou avestruz, pintados e decorados, mas frágeis e geralmente pequenos. O chocolate trouxe beleza, sabor e durabilidade. O tamanho foi crescendo com o avanço da indústria”, contou Ana Beatriz. Ela ainda ressalta que, em alguns países, há ovos com o tamanho de uma pessoa.
Apesar do forte apelo comercial — potencializado pelas embalagens festivas e brinquedos —, a professora destaca que o símbolo do ovo ainda representa algo maior: a vida e o renascimento. “Mesmo inserido no marketing e consumismo, o ovo de chocolate mantém um vínculo com a mensagem da Páscoa verdadeira.”
Essa força comercial pode ser medida pelos números da indústria: de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), a expectativa para este ano é de uma produção de aproximadamente 45 milhões de unidades. Mesmo com a alta dos preços provocada pela crise no setor do cacau, a tradição segue firme nas mãos (e nos carrinhos) dos brasileiros.