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Papa Francisco foi responsável pela canonizou os Mártires de Cunhaú e Uruaçu, símbolos da fé no RN

Pontífice, que faleceu nesta segunda-feira (21), presidiu processo que levou à santidade os primeiros mártires reconhecidos oficialmente no Brasil.

Por Seridoense em 21 de abril de 2025

Foto: Divulgação

O Papa Francisco, que faleceu nesta segunda-feira (21) no Vaticano, deixa como um de seus legados mais marcantes para o povo potiguar a canonização dos Mártires de Cunhaú e Uruaçu. A cerimônia histórica aconteceu em 15 de outubro de 2017, na Praça São Pedro, reunindo cerca de 50 mil fiéis. Com isso, os 30 mártires se tornaram os primeiros santos oficialmente reconhecidos do Brasil.

A missa de canonização foi presidida pelo cardeal Angelo Amato, então prefeito da Congregação da Causa dos Santos, sob a autoridade do Papa Francisco. Cerca de 450 concelebrantes participaram da celebração, que teve também a presença da Camerata de Vozes do Rio Grande do Norte, regida pelo monsenhor Pedro Ferreira.

Durante a homilia, o pontífice afirmou:

“Que estes que agora são santos indiquem a todos nós o verdadeiro caminho do amor e da intercessão junto ao Senhor para um mundo mais justo.”

Foto: Wagner Varela

Os Mártires de Cunhaú e Uruaçu foram assassinados em 1645, durante os massacres ocorridos nas invasões holandesas ao Brasil. O primeiro ataque aconteceu no Engenho Cunhaú, atual município de Canguaretama, em 16 de julho, durante missa celebrada pelo padre André de Soveral. Já o massacre de Uruaçu ocorreu em 3 de outubro do mesmo ano, nas terras hoje pertencentes a São Gonçalo do Amarante.

Relatos históricos apontam que os ataques foram liderados por Jacob Rabbi, à frente de tropas aliadas aos holandeses. As cenas foram de extrema crueldade: línguas arrancadas para impedir orações, mutilações e degolação de crianças. Entre os mortos estavam o padre Ambrósio Francisco Ferro, o camponês Mateus Moreira — que teria exclamado “Louvado seja o Santíssimo Sacramento” mesmo após ter o coração arrancado — e diversos leigos, incluindo mulheres e crianças.

O processo de beatificação teve início em 1989. O martírio foi reconhecido oficialmente pela Igreja Católica em 1998, e a beatificação foi realizada pelo Papa João Paulo II em 5 de março de 2000.

Em homenagem aos mártires, o governo do Rio Grande do Norte instituiu o feriado estadual em 3 de outubro, por meio da Lei Nº 8.913. Já em São Gonçalo do Amarante, foi inaugurado no ano 2000 o Monumento aos Mártires, com capacidade para 20 mil pessoas. Localizado em terreno doado pela família Veríssimo, o espaço de oração é aberto ao público e possui projeto arquitetônico assinado por Francisco Soares Júnior.

A canonização dos Mártires do RN marcou um capítulo inesquecível da fé católica brasileira e do pontificado de Francisco — agora lembrado também como o Papa que os declarou santos.


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