
Foto: Reprodução/ X (Antigo Twitter)/ Volodymyr zelensky
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, cancelou sua participação no encontro direto com representantes da Rússia, previsto para esta quinta-feira (15), em Istambul, na Turquia, após a confirmação de que o presidente russo, Vladimir Putin, não participaria das tratativas.
Zelensky, que está na capital turca Ancara, classificou a ausência do líder russo como um sinal claro de desinteresse por parte de Moscou na busca pela paz. “Não vai ter nada para eu fazer lá”, afirmou, em coletiva de imprensa. “São apenas conversas agora”.
Apesar da retirada de Zelensky do encontro, ele confirmou que a Ucrânia será representada por uma delegação liderada pelo ministro da Defesa, Rustem Umierov. O grupo ucraniano terá como principal objetivo tentar avançar em um cessar-fogo no conflito iniciado em 2022.
Zelensky criticou duramente a composição da delegação russa, classificada por ele como “decorativa”, composta apenas por vice-ministros, porta-vozes e assessores pessoais, sem nenhum membro do alto escalão do governo. “Sentimos o desrespeito russo. Isso é um desrespeito pessoal”, declarou o presidente, citando ainda o nome do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, do senador americano Marco Rubio e de ministros turcos e ucranianos presentes em Ancara.

Foto: Kremlin.ru
Do lado russo, o encontro será chefiado pelo assessor presidencial Vladimir Medinsky, acompanhado de nomes como o vice-ministro das Relações Exteriores Mikhail Galuzin, o chefe do Estado-Maior Igor Kostyukov e o vice-ministro da Defesa Alexander Fomin. Segundo analistas, a ausência de Putin e outros líderes do alto escalão russo esvazia o valor simbólico e político das negociações.
A confusão nos bastidores do encontro também marcou a preparação para as tratativas, com indefinição de horários e falta de clareza sobre os participantes. Ainda assim, a expectativa é de que os diálogos ocorram durante a tarde (horário local), mesmo sem a presença dos chefes de Estado.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que tenta se firmar como mediador da crise, afirmou estar pronto para receber tanto Zelensky quanto Putin “assim que estiverem preparados” para uma negociação direta.
Zelensky reafirmou a necessidade de um cessar-fogo incondicional e exigiu mais sanções econômicas contra a Rússia. Segundo ele, “a ausência de Putin é a prova de que a Rússia não quer terminar a guerra”.
Por sua vez, Medinsky disse que a Rússia está “pronta para um trabalho sério e profissional”, mas a declaração é vista com ceticismo pela delegação ucraniana. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, também afirmou que Moscou está disposta a negociar, mas a postura russa continua a gerar desconfiança internacional.
Outro fator que gerou críticas foi a ausência de Donald Trump, convidado para o encontro. Apesar de ter dito que poderia comparecer, o ex-presidente norte-americano afirmou que “nada acontecerá antes de eu me reunir com Putin”, indicando que pretende se manter como peça-chave nas discussões futuras.
Desde 2022, quando a guerra começou, não houve encontros diretos entre os presidentes da Ucrânia e da Rússia. A Turquia, país-membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), sediou a última tentativa de mediação. Agora, novamente, tenta aproximar as partes para uma solução diplomática.
Putin havia proposto conversas sem pré-condições, como contraponto à proposta de Reino Unido, Alemanha, França e Polônia, que defendem uma trégua incondicional de 30 dias — o que foi rejeitado por Moscou.